top of page

A Sombra da Cruz.

Texto e Direção de Rodrigo Paouto. Inspirado na obra "O santo inquérito", de Dias Gomes

Rodrigo Paouto (Padre Nátcio) e Tato Brasil (O Bispo).

Karen Silveira (Bruxa Diana).

"Quando não se pode caminhar em trilha escura, sábio é aquele que espera o raiar de um novo dia."
 

Era uma época em que as manhãs cheiravam a relva e as noites a incenso, que as luzes avermelhadas das lamparinas formavam pontos mágicos nas venezianas das casas, que as sombras das árvores escondiam-se em meio aos campos e vales, que as silhuetas negras das montanhas formavam lindas molduras para a prateada tela de estrelas, detalhada com o borrão branco da luz da lua, que no firmamento se revelava a mais perfeita obra jamais concebida por mãos torpes...
Uma fase de lendas, em que à vida se dava início na alvorada, com o canto do galo, e se findava no crepúsculo, ao som do canto dos corvos, um tempo ininterrupto, algoz, porém deleitoso e lisonjeiro...
Uma nostálgica época em que as vidas terminavam em histórias... As historias terminavam em sonhos... E os sonhos terminavam em vida...
Nesta época, mulheres e também alguns poucos homens eram julgados e, na maioria das vezes, sobrepujados. Recebiam uma árdua punição por “crimes” que não cometeram – e a isso chamava-se “Santa Inquisição”. A justiça arbitrária e ditadora, imposta pela Igreja, levava muitas pessoas a serem queimadas ou enforcadas em praças públicas, intituladas como bruxas e feiticeiras, como forma de humilhação. Mas mal sabiam que ser o tal era um grandioso motivo para ser defendido e honrado, nem que para isto a morte fosse necessária.
Mas, mesmo com grande temor, nesta época era corriqueiro ver mulheres felizes, cantarolando algo nas beiras dos rios ou varrendo cuidadosamente a frente de seu lar e crianças com as faces rosadas brincando e correndo entre os campos e animais!
Era comum, para uma pessoa com ouvidos mais apurados, ouvir, nas frias noites de lua cheia, musicas longínquas, ocultadas dentro dos bosques, e festas místicas das almas, no farfalhar das folhas das grandes árvores. Danças, que se misturavam ao embalo de ardentes fogueiras e fascinantes centelhas, que, quando subiam ao céu, se fundiam à etérea pintura e ao brilho das estrelas...
Foi nesta época que Cícero e Diana se conheceram. Duas almas que se apaixonaram e que deveriam ter também o direito de serem felizes... Se não fosse o fato de que Cícero é um “padre” e Diana uma “bruxa”!...
Espetáculo cheio de magia e dramaticidade, conta a história de dois jovens divididos por universos diferentes entre a fé e a religião, mas que, por ironia do destino, se encontram e se apaixonam.

bottom of page